Cada erro do mundo
Desde pequena, eu me isolei de todo mundo (até da minha irmã). Eu brincava sozinha, criava minhas histórias sozinhas e, enfim, fazia TUDO sozinha. Por causa disso, a realidade nunca fio confortável pra mim – e até hoje eu não sei lidar direito com ela. Então, naturalmente, passei a assimilar as coisas do concreto ao que eu conhecia da minha fantasia. As sensações genuínas, o encanto pela vida, minha força foi toda tirada de lá. Do meu mundo, dos meus personagens. Quero sempre trazê-los cada vez mais próximo à realidade. Eles são a minha base, o meu fudnamento. É que você não deve entender como eu entendo, mas sinto como se eles fossem reais mesmo, sabe? E sinto também que devo um eterno agradecimento por me cuidarem tão bem… E por me gostarem e por me permitirem tanta coisa. E eu reciprocamente. É como se eles me conhecessem por inteiro e eu os fizesse também. E eles são lindo e perfeitos, porque os amo em cada defeito e me fascino a cada ato falho. Tudo o que eles fazem é, simples e essencialmente maravilhoso. Tudo o que quero fazer é chorar de alegria e gritar “Obrigada!” com a voz arranhando a garganta de tanta força! E o que posso fazer se vocês são incríveis? Se sou tão apaixonada por cada um e encontro encantos peculiares em todos vocês? Que mais posso fazer se recheei meu paraíso com mágica e esplendor? Se me deslumbro sempre que imagino os rostos de quem vive lá? Olhos claros ou escuros, narizes mais finos e mais grossos, peles desde as brancas e sombrias até o moreno sensual cigano; jóias, saias, armas, jazz. Nenhuma diferença faz diferença na hora de tratar bem a todos eles. Que mais posso fazer se foram eles quem me ensinaram a ver a beleza de cada erro do mundo e me encantar com a bela vida?
Quando trato de histórias, parece-me que eles não sabem que existo, como se eu fosse um tipo de “deus”. Mas, quando falo assim para você, é como se todos sorrissem pra mim, com os olhos lacrimejando e brilhantes, e dissessem: “Vai, porque a gente tá aqui. A única coisa que queremos é te ver feliz e enfrentar os obstáculos que precisar. Mas não se preocupa se algo der errado, porque vamos estar sempre aqui. Porque te amamos e te queremos bem. Porque somos eternamente gratos por nos criar, desenvolver, cuidar, guardar, ter tanto zelo e dar tanta importância. Porque, na verdade, não achamos que somos tudo isso, mas você acha – e te adoramos por isso. Por nos amar genuinamente. Por isso te ensinamos tudo o que podíamos. Porque te amamos.”. É como se eu fosse o Pequeno Príncipe e tivesse cativado as raposas.